Algar Agro

Relatório de Sustentabilidade 2012

Desempenho

A receita operacional líquida de 2012
registrou aumento significativo de 44% em
relação ao exercício anterior, alcançando a marca
de R$ 1.634,4 milhões, ante os R$ 1.132,5 milhões
registrados em 2011.

Conjuntura Econômica

A primeira metade do ano de 2012 foi marcada pelas incertezas impostas pela economia internacional e decorrente da crise europeia. As dúvidas sobre a fragmentação do bloco europeu afetaram o desempenho da atividade econômica mundial ao longo de todo o período e continuam sendo um dos principais fatores de risco para 2013. Não obstante, a lenta recuperação da economia norte americana e a desaceleração da taxa de crescimento na China contribuíram para a deterioração das expectativas dos agentes econômicos.

A economia doméstica, assim como as demais economias emergentes, foi afetada por tal cenário. A autoridade monetária e o Governo agiram no sentido de utilizar medidas anticíclicas para conter a redução da atividade industrial. Ainda que o segundo semestre tenha apontado uma sinalização de reação, o resultado no ano decepcionou. O PIB teve crescimento de 0,9% no ano, resultado bem abaixo das expectativas feitas no ano anterior, que previam alta de 3%. Ainda mais preocupante do que o número final foi perceber a redução nos investimentos, item fundamental para o crescimento e mitigação de eventuais gargalos de infraestrutura. Entre as principais medidas adotadas pelo Governo, figuraram a renúncia fiscal temporária para determinados setores e a contínua redução da taxa básica de juros, que passou de 11,5% ao final de 2011 para 7,25% no encerramento de 2012.

Contudo, 2012 não foi um ano perdido e o mercado de trabalho manteve-se como um dos pilares da economia doméstica, contribuindo para a manutenção do consumo das famílias. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego fechou o ano em 4,6%, atingindo o menor nível histórico, e a taxa média de desemprego no mesmo período foi de 5,5%. A renda média do trabalhador subiu 4,1% ante 2011, que registrou aumento de 2,7%.

O crédito ao setor privado alcançou R$ 2,2 bilhões no ano de 2012, 15% maior que o ano anterior, o que corresponde a 95% do saldo total de crédito do sistema financeiro. Empréstimos ao segmento de outros serviços aumentaram 3,7%, com destaque para os ramos de energia, telecomunicações e transportes.

No inicio de 2012, após grande período de estiagem na América do Sul, nos principais períodos de desenvolvimento do grão de soja, a expectativa de queda na produção fez com que o preço do grão atingisse patamares recordes. Segundo a previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a produção da soja brasileira na safra 2011/12 foi 66,4 milhões de toneladas, queda de 12% em relação à temporada anterior. Para 2013 a Conab estima produção de 83,4 milhões de toneladas de soja no Brasil, aumento de 26%.

O Indicador de Preços da SOJA ESALQ/BM&FBOVESPA (produto comercializado no porto de Paranaguá na modalidade "transferida") registrou valorização de 53% no ano, ou 49% ao ser convertido para dólar (moeda utilizada nos contratos futuros da BMF&BOVESPA).

As expectativas para 2013 são positivas, já que os dados disponíveis indicam crescimento acima do antecipado. Fator importante para esse crescimento é o setor agropecuário, já que importantes cultivos como soja, por exemplo, são colhidos no começo do ano. Condições climáticas favoráveis desde o inicio do ano, reforçam expectativa de safra recorde de grãos na América Latina em 2013.

A Companhia tem consciência de que as grandes mudanças climáticas se devem à emissão de gases de efeito estufa (GEEs) que podem afetar diretamente as atividades de agricultura e diretamente o seu negócio no que tange à soja especificamente (influência direta sobre a produtividade, uso de fertilizantes devido a presença de pragas, etc.), com influência direta nos preços, dado que a soja é sua principal matéria-prima.

Neste sentido, a Companhia tem reduzido a emissão destes gases e mantém como meta a redução na emissão em suas atividades, bem como adotar processos cada vez mais autossustentáveis em seus negócios, redução de consumo de óleo diesel em seus geradores, redução do uso de BPF em suas caldeiras, com a troca das matrizes por caldeiras com consumo de biomassa, redução do consumo de energia elétrica, incluindo um plano de investimento neste sentido que conduz à autossuficiência energética iniciando pela planta de esmagamento, refino e envase de Porto Franco no Maranhão.

GRI: EC2

Análise econômica-financeira

Em 2012, por mais um ano consecutivo, a Algar Agro alcançou recorde em termos de volume de soja originada com aumento de 2,5% em relação ao volume do ano anterior, somando 1.340 mil toneladas. Destaque para a região do MAPITOPA, que abrange os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, onde estão concentrados mais de 50% dos volumes de soja originado pela Algar Agro. Tal região contribuiu com o maior crescimento no ano, 8,0% em relação ao ano anterior e totalizaram 721 mil toneladas. Para o ano de 2013, é esperado aumento de 18% da produção na região.

A receita operacional líquida de 2012 registrou aumento significativo de 44% em relação ao exercício anterior, alcançando a marca de R$ 1.634,4 milhões, ante os R$ 1.132,5 milhões registrados em 2011. Resultado positivamente influenciado por três fatores; (i) ascensão expressiva dos preços da soja e seus derivados durante o ano, atingindo patamares históricos; (ii) aumento de 5,0% dos volumes negociados; e (iii) desvalorização de aproximadamente 9,1% do Real em relação ao Dólar, que iniciou o ano a R$ 1,87 e encerrou em R$ 2,04.

No decorrer do exercício, o custo dos produtos vendidos (CPV) apresentou evolução de 25,4%, passando de R$ 963,0 milhões em 2011, para R$ 1.207,9 milhões em 2012. Pela própria característica dos negócios da Algar Agro, o CPV é composto principalmente pelo custo de aquisição de matéria-prima que, em 2012, representou 93,2% do custo total. Este item, isoladamente, teve aumento de 27,7% no período, resultado do maior volume de soja originada no ano, além da oscilação dos preços no mercado.

Como resultado do aumento proporcionalmente menor do CPV em relação ao ganho de receita, o lucro bruto apresentou evolução de 151,7% na comparação entre os exercícios de 2012 e 2011, alcançando R$ 426,5 milhões, com margem bruta de 26,1%.

Receita Operacional Liquida

Variações na Receita Líquida
(R$ milhões)

Receita Operacional Liquida e Variações na Receita Líquida


Junto com o crescimento dos negócios, foi também registrada evolução no total de despesas operacionais, que totalizou R$ 131,9 milhões em 2012, valor 26,9% maior do que o registrado no ano anterior, de R$ 103,9 milhões. Mais uma vez em razão das características das atividades operacionais da Algar Agro, fortemente voltada para a comercialização de produtos agrícolas, suas despesas operacionais se concentram mais fortemente nas despesas com vendas. No período, esse item totalizou R$ 95,7 milhões, sendo responsável por 72,6% do total das despesas operacionais do exercício. Comparado ao ano anterior, houve evolução de 27,7% no período. As despesas comerciais tendem a acompanhar a evolução do volume de negócios e são representadas, em sua maior parte, por fretes, fobbings (despesas com exportação) e comissões sobre vendas.

As despesas administrativas da Companhia, no ano de 2012, foram de R$ 36,8 milhões, resultado 27,6% superior ao obtido no exercício de 2011. A conta concentra as despesas com pessoal e com serviços de terceiros (assessorias e consultorias, mão de obra temporária, gastos com viagens, etc), que atingiram em 2012 R$ 13,0 milhões e R$ 19,3 milhões, respectivamente. O aumento é explicado pela adequação na estrutura administrativa para suportar o plano de crescimento da Companhia.

A geração operacional de caixa medida pelo EBITDA (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) no ano de 2012 foi de R$ 35,3 milhões, com margem de 2,2%. Em comparação com o ano anterior, houve recuo de 54% no EBTIDA e de 2,5 pontos percentuais na margem. O EBITDA ficou comprometido pela majoração dos insumos variáveis (componentes dos custos industriais), fretes sobre vendas no mercado interno e fobbings de exportação (despesas portuárias). Sofreram influencia negativa também das despesas de overhead, em função da adequação da estrutura organizacional.

As receitas financeiras da Companhia no ano atingiram R$ 466,7 milhões, apresentando alta de R$ 151,8 milhões ou 48,2% em relação ao exercício anterior. Mesmo assim, as atividades financeiras tiveram resultado líquido negativo de R$ 282,4 milhões, considerando crescimento maior das despesas no ano, que alcançaram R$ 749,1 milhões. Os principais itens a onerar as despesas financeiras no decorrer do exercício foram: i) necessidade do segmento Agro de obter volumes maiores de capital de giro para manter o custeamento de margem na Bolsa de Chicago que chegou a superar US$ 200 milhões quando o preço futuro da soja alcançou as maiores cotações; e ii) marcação a mercado* dos instrumentos financeiros e estoques que provocou perdas em derivativos de R$ 120 milhões.

Ebitda e Margem Ebitda

Ebitda e Margem Ebitda

Desta forma, o EBITDA analisado acima já contempla estes ajustes, considerando como Resultados Financeiros Líquidos basicamente os valores correspondentes às operações de financiamento dos investimentos de longo prazo (Capex) e despesas e taxas bancárias associadas.

O resultado final consolidado da Algar Agro no exercício de 2012 foi lucro líquido de R$ 7,7 milhões. A margem sobre a receita operacional líquida foi de 0,5%, 1,8 ponto percentual abaixo da registrada em 2011.

A Algar Agro não recebeu diretamente, em 2012, nenhuma ajuda financeira do governo. Eventuais incentivos são recebidos por meio do Instituto Algar, o qual faz uso de incentivos fiscais para realização de projetos sociais, educacionais, culturais e ambientais.

GRI: EC4

Variações no Lucro Líquido (R$ milhões)

Lucro líquido e Margem Líquida

Variações no Lucro Líquido Lucro líquido e Margem Líquida


Com relação ao endividamento, em 31 de dezembro de 2012, a Companhia registrava dívida bruta consolidada de R$ 1,057 bilhão e posição de caixa e equivalentes de R$ 352 milhões, o que indicava dívida líquida de R$ 705 milhões na data, 24% superior ao exercício anterior. Este aumento concentrou-se na dívida de giro para financiar os estoques, e dado que os preços das commodities tenham atingido os mais altos níveis dos últimos anos na Bolsa de Chicago (CBOT), o que levou a uma antecipação da safra 2013, descontando o saldo de fornecedores em aberto, a Companhia obteve o que denomina de "Estoque de soja pago" na ordem de R$ 550 milhões, 45% acima do ano anterior. Ou seja, descontando da dívida o valor aplicado em estoques (em sua maior parte em adiantamentos a produtores rurais para a safra 2013), no encerramento do período registrou uma redução de 18% na dívida líquida comparado ao mesmo período do ano anterior.

O endividamento de longo prazo era de R$ 229,3 milhões no encerramento do ano, com vencimento até 2022. O principal empréstimo é representado por uma linha de crédito do FNE – Fundo de Financiamento do Nordeste, tomado para dar suporte aos investimentos realizados na região do MAPITOPA, incluindo a nova unidade industrial do Maranhão (planta de esmagamento, refino, envase e unidades de armazenamento). Ao final de 2012, o saldo de tal financiamento era em torno de R$ 100,0 milhões.


Endividamento Líquido* (R$ milhões)

Aging da Dívida Bruta

Endividamento Líquido Aging da Dívida Bruta

* considera estoque de soja pago
 

DVA

Valor econômico direto gerado e distribuído, incluindo receitas, custos operacionais, remuneração de empregados, doações e outros investimentos na comunidade, lucros acumulados e pagamentos para provedores de capital e governos.

(em R$ mil)

COMPONENTES 2010 2011 2012
VALOR ECONÔMICO DIRETO GERADO 1.200.897 1.544.289 2.187.700
a) Receitas Líquidas de Vendas 992.330 1.229.353 1.721.002
b) Outras Receitas 208.567 314.936 466.698
VALOR ECONÔMICO DISTRIBUÍDO (1.174.916) (1.524.776) (2.181.806)
a) Custos operacionais (854.769) (1.056.081) (1.307.188)
b) Salários e benefícios de empregados (1) (27.195) (31.998) (34.400)
c) Pagamento para provedores de Capital (277.918) (355.804) (751.390)
d) Pagamento ao governo (14.852) (80.422) (88.432)
e) Investimentos na comunidade (182) (470) (396)
VALOR ECONÔMICO ACUMULADO 25.981 19.513 5.894

(1) Inclui o total de salários, encargos sociais e benefício de empregados.

GRI: EC1